Leia, abaixo, texto enviado pelo Movimento "Viva Monitor" anunciando o fim das atividades.
De modo grosseiro e injustificável, o diretor presidente do condomínio empresarial Diários Associados no Rio, Maurício Dinepi, não respondeu às insistentes tentativas de contato que empreendeu o Movimento Viva Monitor entre os dias 4 e 10 de dezembro, por meio de ligações telefônicas e e-mail, com o objetivo de obter uma prorrogação no exíguo prazo estabelecido pelo empresário para que os ex-funcionários e simpatizantes do jornal levantassem os R$ 250 mil fixados para a venda da marca “Monitor Campista”.
Se, por um lado, tal comportamento provoca estranhamento, em virtude de ter o mesmo Dinepi recebido, por duas vezes, uma comissão do Movimento Viva Monitor, por outro evidencia a truculência de quem fechou um jornal quase bicentenário sem demonstrar o mínimo respeito aos funcionários, assinantes e demais leitores, mediante publicação de uma nota lacônica no dia 15 de novembro, na última edição do veículo.
Este mesmo desrespeito manifesta ainda Maurício Dinepi ao se preparar, agora, para retirar da cidade todo o acervo do Monitor Campista, que encontra-se embalado para transporte na antiga sede do jornal, na rua João Pessoa. Mais este crime será cometido contra a memória histórica de Campos dos Goytacazes se a sociedade conservar a passividade que tem demonstrado em relação ao fim do jornal.
Em razão desta impossibilidade de avanços na negociação com os, infelizmente, proprietários da marca “Monitor Campista”, o Movimento Viva Monitor torna público o encerramento da campanha de arrecadação de recursos que realizou a partir de 28 de novembro, dia seguinte ao que fora estabelecido o valor de compra por Dinepi.
Foram apenas cinco dias úteis para que o Movimento buscasse levantar R$ 250 mil. Um prazo certamente fixado para que tal intento não fosse atingido. Mesmo assim a campanha não recuou, e foram feitas todas as tentativas que estiveram ao alcance dos poucos participantes do movimento. E, como ocorreu com o Trianon, todas as pessoas influentes da sociedade campista não poderão dizer que não sabiam o que estava ocorrendo e, ainda, que não tiveram a chance concreta de reverter a situação.
O Movimento Viva Monitor se orgulha, ao menos, de não ter deixado o Monitor Campista morrer sem que nenhuma voz de protesto se levantasse. Iniciado pela Associação de Imprensa Campista, foi ele quem catalisou toda a restante capacidade de indignação local contra mais esta perda.
Esta voz foi ouvida e registrada em todas as matérias jornalísticas que trataram do fim do Monitor Campista, em veículos locais e nacionais, e se credenciou como interlocutora nas tentativas de criar formas que permitissem o renascimento do jornal. Foram realizadas duas manifestações públicas, várias reuniões na AIC, lançado um abaixo-assinado online que ultrapassou mil adesões, um blog, duas reuniões com os Diários Associados, uma reunião com a Prefeitura de Campos, e diversos contatos com empresários e entidades como CDL, ACIC e Carjopa, além de sindicatos e clubes de serviço, no sentido de buscar a sensibilização para a causa e, na etapa final, a efetiva contribuição financeira para a aquisição da marca “Monitor Campista”.
Tudo isso não pareceu suficiente para vencer interesses até hoje não claramente identificados, com os quais parece estar mais afinado o senhor Maurício Dinepi.
E para que o Movimento Viva Monitor não seja confundido com nenhuma outra eventual forma de reabertura do jornal, que não passe pelo modo transparente como defende e com a manutenção da sua qualidade editorial, os seus integrantes, reunidos hoje, decidiram por encerrá-lo formalmente.
Todos os recursos doados para a Campanha Viva Monitor, que foram depositados na conta bancária da Associação de Imprensa Campista, serão rigorosamente devolvidos. Eles foram registrados, nomes e valores, no blog do movimento.
A todos os doadores e participantes, àqueles que não puderam estar presentes às reuniões mas mantiveram-se na torcida, aos inúmeros leitores do jornal que enviaram mensagens e comentários no blog da campanha, o Movimento Viva Monitor agradece de modo sincero e emocionado.
O assassinato do Monitor Campista entra, agora, para a galeria de crimes célebres de Campos. Ainda que ele venha a ressurgir, o fará de modo farsesco, como também ocorreu com o Teatro Trianon, uma vez que não há a menor segurança de que possíveis compradores do mundo político ou empresarial venham a manter o jornal com a mesma postura de independência e qualidade com a qual sua redação o mantinha até o dia 15 de novembro. Será, se ocorrer, como uma segunda morte do “velho órgão”, e com isso não compactuarão o Movimento Viva Monitor e a Associação de Imprensa Campista.
Campos dos Goytacazes, 10 de dezembro de 2009
Movimento Viva Monitor
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