0 prefeito de São Francisco de Itabapoana e nós

O caso do prefeito de São Francisco de Itabapoana, Beto Azevedo, preso nesta quinta-feira, 29 de março, pela Polícia Federal, expõe as vísceras regionais. Como lâmina afiada, penetra a carne, e exibe feridas de um povo sofrido, esse do Norte Fluminense.

Se Beto é culpado ou não, se é corrupto ou vítima do sistema, cabe à justiça mostrar. Fato é que a exploração pública da denúncia, a suspeita, e a prisão, evidenciam a fragilidade do sistema político regional ao qual a população está submetida.

No Facebook, entre inúmeras manifestações acerca do problema, há o seguinte comentário: "vindo do Norte Fluminense, nada me espanta". No que nos tornamos? Em que tipo de realidade permanecemos? Onde queremos chegar? Questionamentos frequentes e exigentes em sua excência.

Há, sim, o histórico da exploração do corte de cana. À reboque, a região é pioneira em luz elétrica na América Latina. Ainda existe arrogância, prepotência. Onde está o sentimento de pertencimento?

Até quando, em meio a tantas interrogações, o Norte Fluminense vai ser manchete trágica de si mesmo? Até quando a região vai ser conhecida à nível nacional por prefeitos corruptos (ou suspeitos de), por praças milionárias, por políticos cassados que voltam ao cargo com a cara deslavada de quem não deve satisfação a seu povo, tratado com pão e circo?

Existem, e como, ótimas histórias para contar. Daqui saiu José Cândido de Carvalho, ícone da literatura nacional. Saíram Didi e Amarildo, campeões do mundo com a Seleção Brasileira. Saiu o grande ator Tonico Pereira. Brotou também gente anônima, mas honesta e de trabalho. Cadê essa identidade?

Onde estão essas pessoas para mostrar o que se produziu de bom? É preciso divulgar isso, expandir o que o Norte Fluminense tem de melhor. A região é e será, cada vez mais, um todo. Estão aí a Petrobras, o Porto do Açu e as obras de Barra do Furado. Há um lastro industrial de Macaé à São João da Barra.

A questão é optar entre o orgulho e a vergonha. É questão de escolher, curtir e compartilhar. Cabe ao povo determinar seu destino. Seja no voto da urna, em manifestações dos ideais ou na revolução pela mudança. 

Denunciar, sim, o que não presta. Melhorar o que for necessário e enaltecer o orgulho coletivo. O momento, ante o que está por vir, é agora. Pense nisso!

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