O drible do empresário

Adílson Dutra, craque do microfone e da caneta, nos brinda neste sábado com a deliciosa história abaixo, publicada em seu Blog do Penacho. Pego carona para publicá-la aqui porque é hilária. Leiam só:

PARCERIA ENTRE REPÓRTER E PATROCINADOR

Os amigos leitores sabem que hoje no rádio é preciso ter o seu patrocinador pessoal para sobreviver, as emissoras já não pagam salários e direitos trabalhistas aos profissionais do microfone. Sabem também que os “bizi”, ganho extra através de uma notinha favorável a um comerciante ou político, é hábito de muitos desde os primórdios tempos do rádio no Brasil. Este “causo”, também verdadeiro, aconteceu em 87, quando eu ainda estava na Difusora, e um companheiro recebia uma cota extra de um patrocinador para entrevista-lo durante os jogos do Americano, principalmente às quartas-feiras, à noite.

Pela manhã o nosso bravo repórter, permita-me a não revelar os nomes dos personagens, chegava ao Bar Capital com um gravador escondido na bolsa e esperava pelo empresário, que gravaria ali a sua participação na jornada esportiva da noite. “E aí, Antonio da Silva (nome fictício) como está vendo o Americano esta noite?” Tinha resposta para empate, derrota ou vitória. Sempre um comentário interessante e de acordo com a qualidade do jogo que apresentava o Glorioso. E ao mesmo tempo visitava um motel com a número dois, de onde ouvia o jogo para uma possível intervenção da esposa ao chegar à casa.

Enquanto isto a mulher do entrevistado, coitadinha, ficava a prestar atenção nas vezes em que o narrador lia o texto comercial de sua empresa. A fiel companheira ficava atenta e no dia seguinte entregava ao marido todas as anotações e um elogio sobre o seu comentário. - Amor, você sabe tudo de futebol, por que não se torna comentarista? - Não tenho tempo, às vezes chego atrasado nos jogos e perco boa parte. Dito isto foi para cama dormir depois de uma longa noite no motel ao lado de sua amada amante,e,o repórter, que até hoje recebe benesses do empresário, jura para a fiel esposa que o marido realmente freqüentava o Godofredo Cruz assistindo, ao vivo, os jogos do alvinegro do Parque Tamandaré.