Estilingue e vidraça

Me parece democrático o direto à reação. Neste caso específico, uma seqüência de reações. Primeiro, leitores, provavelmente indignados com o que pagam para ler, criticaram um jornal em comentários nos blogs. Ato contínuo, a direção da empresa se sentiu ultrajada com o forte conteúdo explicitado e resolveu agir. Até este exato momento não vejo, sinceramente, nenhum tipo de situação capaz de originar reclamações extremadas.

O problema, já citado em diversos outros textos sobre o assunto, é a postura de preferir o açoite à tinta. Li e concordo que texto se combate com texto. Pode ser infantil de minha parte, mas prefiro assim. Levar uma discussão textual para as barras dos tribunais é uma atitude ditatorial. Lembra, isso sim, aqueles casos na infância onde sempre o garoto mais forte levava vantagem, nem que fosse “na porrada”, quando faltavam argumentos verbais.

No lugar onde ocorreram os “ataques” algum representante do grupo ofendido poderia se defender e contra-atacar no mesmo nível, necessário fosse. Além do mais, não falta espaço em nenhum dos dois lados dessa contenda para ofensivas e contra-golpes. Desde que respeitado determinado nível de batalha. Seria interessantíssimo assistir e, ao mesmo tempo, poder participar da queda-de-braço no campo das idéias e ideais.

Como tudo descambou para o banco dos réus, retirou-se a oportunidade da disputa saudável. Instalou-se, imediatamente, rixa de ânimos aflorados parte a parte. Sem dimensão de suas proporções. Podem ser mínimas. Ou não. Surge bem nítido nesta efervescência uma inversão de valores: quem empunhou o estilingue corre sério risco de virar vidraça. E vice-versa. Aguardando as cenas dos próximos capítulos, sigamos em frente.

1 comentários:

Provisano disse...

Alguma coisa deve ser feita sim, criar-se talvez uma campanha pela Liberdade de Expressão, Ampla, Geral e Irrestrita, nos moldes como foi a da Anistia.

Acho mesmo que a ação proposta pelo jornal Folha da Manhã, dará como os burros n'água, não vejo em tese, consistência para progredir. Claro que só com mais dados é que poderemos fazer um juízo de valor mais detalhado, mas pela postagem do professor Roberto Moraes, tudo caminha para que a mesma, a ação, seja julgada improcedente.

De toda a forma, o pano de fundo dessa questão, quer me parecer ser uma tentativa clara de amordaçar um espaço, claramente democrático como o é o blog do professor Roberto Moraes, que publica comentários independentemente dos mesmos alinharem-se ou não ao espírito central do tema proposto nos tópicos postados.

Isso, por si só, diminui de forma bem intensa, a credibilidade desse órgão de imprensa, que deveria pugnar sempre em prol da liberdade de expressão, bandeira que a imprensa livre deve sempre empunhar.

Críticas são normais em todo espaço democráticos e, confesso, não ter lido nos comentários publicados, nada que depreciasse a imagem do jornal. Alguns comentários podem ter sido mais duros porém nada de tão agressivo que justificassem a proposição de tal ação. Aliás, tal propositura servirá mais para desgastar a imagem do jornal no universo de formadores de opinião que integram a blogosfera.

Como bem registrou o professor Roberto Moraes ao postar um tópico sobre os cinco anos do seu blog onde ele pondera que apesar da maioria dos comentários ainda ser de anônimos, cada vez mais outros comentaristas começam a se identificar e assinar os comentários.

A ação proposta se refere ao conteúdo dos comentários e não sobre os tópicos. O que a empresa quer, na verdade, é imputar aos proprietários dos blogs, a responsabilidade sobre a opinião dos comentaristas. Entendo ser isso como forçar a barra, mesmo que os comentários sejam anônimos, uma característica normal dos blogs em geral, não dá para passar, pura e simplesmente a responsabilidade sobre a opinião de terceiros.

Vou sugerir à todos os blogueiros que coloquem em destaque, o mesmo que os órgão de imprensa costumam colocar quando querem se isentar de qualquer cobrança posterior, o seguinte: ESSE BLOG NÃO SE RESPONSABILIZA POR QUALQUER OPINIÃO EMITIDA POR SEUS COMENTARISTAS.